Nudging Menu

         Neste trabalho intitulado de Nudging Menu o alimento se materializa em imagem e a realidade imaginada se transforma em experiência, processo estratégico e metodológico que busca na forma um resultado artístico e questionador da relação dos indivíduos com os alimentos. Unem-se, aqui, Gastronomia e Design em intervenção a Food Art que deve levar à reflexão sobre as perdas e ganhos quando a ganância é quem decide nossa alimentação.

Cada etapa do Nudging Menu é representada em um jogo de flayers sobre a mesa que traz de um lado uma imagem que faz referência ao prato, e no outro um texto comentando o mesmo.  A isso são incorporadas narrativas elaboradas por pinturas e colagens, além disso ainda é possível visualizar toda a experiência por meio de um aplicativo de celular acessado por meio de um QR Code disponibilizado. Este material tem por objetivo levar informações às pessoas envolvidas (produtores, fornecedores, auxiliares etc.).

A capa que simboliza a experiência foi idealizada como recriação do construtivismo russo em que o chef de cozinha, de forma autoritária, anuncia que a experiência será totalmente baseada em Plant Based e Techno Image. A ilustração é feita em pastel seco, e tem sua imagem pixelada imaginando um futuro sem telas virtuais, pós NFT’s. Por nos acostumarmos, acabamos por preferir as techno images em relação às obras físicas e retrataríamos as obras físicas como se tivessem saído de dentro de um aparelho.



Nesta formulação prevejo quatro etapas, em que a primeira, denominada “Biosfera”, aborda os quatro objetivos-pilares do desenvolvimento sustentável. Em um prato denominado “Terra Arrasada” representa o futuro miniuniverso de cada observador e, nesta etapa, faço uma crítica à construção do modelo de adestramento do sabor resultado da utilização dos aparelhos de marketing, geradores de cadeias de consumo nas quais constroem a aceitação da devastação de territórios. As imagens são realizadas em esboço com grafite e com pinturas pós-impressionistas em pastel oleoso no tamanho A3.





A segunda etapa é uma crítica às monoculturas patrocinadas por acionistas e grandes empresas monopolizadoras, os verdadeiros proprietários do “agro”. E, por esse motivo, se chama “Monofood”, um prato baseado em um alimento central compõe todos os processos de produção e é utilizado de forma integral. A escolha da beterraba para esse efeito é determinante, pois, ao mesmo tempo que transmite monotonia devido ao fator monocromático do objeto, demonstrará criatividade no uso de um único ingrediente que, além da cor forte, também tem sabor marcante. Esta unidade deixa clara a necessidade da diversidade para a composição dos pratos. Sua imagem se apresenta em cubos, uma dando a impressão de estar pixelada ao olhar do observador. A apresentação é apoiada de narração e pinturas, uma em pastel seco e outra em carvão sanguíneo.




A terceira etapa, chamada “Vertigo” (vertigem) faz alusão à sensação de quem está no alto e olha para baixo, e se relaciona ao filme “Não olhe para cima” (2021) processo que faz do paradoxo uma antítese. Diferentemente do filme, o observador sentado à mesa tem a tendência instintiva de olhar para o objeto que está abaixo de seu campo de visão. uma crosta crocante espiralada é adicionada para criar o efeito de vertigem. Isto gerará um truque de perspectiva acentuado pelo uso da técnica de trompe-l'oeil, dispersando o foco por meio da imagem materializada com o objetivo de iludir o observador no consumo de algo que parece, mas não é. A intenção é a de tirar o foco na comida e não ser observado diretamente o salmão fake produzido em plant based, conjunto que faz menção à fala do ator Leonardo DiCaprio no mesmo filme, quando compara o salmão selvagem ao de cativeiro, apontando que o último parece uma imitação. A narrativa é apoiada por técnica mista de colagem e aquarela.



“Apocalipse” se constitui na quarta etapa  representada por meio de uma sobremesa brasileira, escolha que divulga o “locavorismo” como uma opção de território por meio do consumo de produtos advindos de pequenos produtores rurais.

No prato, um pequeno iceberg de queijo vegano e chocolate branco chicotado, recheado de goiabada, se derrete sofridamente, em um mar de fogo de cachaça. Sobre essa etapa, não vou me estender a respeito da representatividade, pois ela é autoexplicativa. A apresentação será apoiada por narrativa aliada à pinturas em aquarela.






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