Brasília consumindo-se



Brasília Consumindo-se de uma experiencia gastronômica se tornou um artigo de minha autoria publicado na Revista Mangut da UFRJ, em que comento sobre influência do Modernismo Brasileiro na formatação e construção de receitas e cardápios. Utilizei do cardápio chamado “Traço e forma”, criado para ser utilizado como uma experiência gastronômica durante o ano de comemoração às 60 primaveras de Brasília, cidade formatada nas bases desse modernismo.


Da mesma maneira que o cardápio se apropria das formas para sua geração, digere do manifesto antropofágico as maneiras de como transformar esse apoderamento em sua propriedade, fazendo a cidade consumir a própria cidade incitando assim a autofagia em contraponto as próprias manifestações originárias.

Também neste trabalho abordo o entendimento de food art, fundamental para que se possa caracterizar a proposta da construção de uma experiência artística com alimentos. Com este entendimento firmo minha posição em que para que a comida seja assim considerada a mesma deve alcançar seu papel fundamental como alimento, pode até parecer uma conclusão lógica mas nem sempre é vista assim.

Introdução

A compreensão do trabalho desenvolvido no menu “Traço e Forma” permite associar de forma multidisciplinar a Arquitetura, Gastronomia e Arte em prol do entendimento da construção de cardápios como peças relacionadas a food art. Assim além mesmo do domínio do alimento como comida, princípio básico para alcançar o status almejado de compor uma peça de food art, a mesma servirá como elemento unificador, a “farinha”, que possibilita através de seu consumo digerir junto nossa cultura nossa arte, nossa arquitetura, nossa poesia, NÓS.

Esta visão de alimento, aliado à disposição da prerrogativa do centenário da Semana de Arte Moderna de 22 e sua influência na construção de Brasília, se converteu em incentivo impulsionador ao desenvolvimento do estudo do cardápio, que utilizou a arquitetura brasiliense como piloti para que a criação artística fosse fundamentada através de revisão bibliográfica de livros e artigos, como também na busca de auxilio em sites, com o objetivo de fundamentar e embasar teoricamente o artigo.

O cardápio propriamente dito e a maneira como era apresentado foi disposto através das palavras do próprio autor, também autor das outras formas artísticas aqui apresentadas, pinturas, esboços e poesia, resultando em corpo testemunhal às relações políticas, culturais e sociais do território chamado carinhosamente de quadradinho. Por este motivo uma síntese do Movimento Modernista Brasileiro e suas principais características, ligadas à teoria do trabalho são abordados de forma básica e explicativa no capítulo de mesmo nome.

Além da associação com a estética da Arquitetura modernista, o artigo rói as bordas, também de forma explicativa, o Manifesto Antropofágico Brasileiro de 1928, usando de suas bases para o entendimento de um posicionamento autofágico da cidade exteriorizada no menu e, por meio dele, é possível se livrar do que intoxica a urbe criada através da compreensão de como o sistema democrático pode funcionar melhor através da utilização da arquitetura.

As características das duas posições, antropofágica e autofágica, estão sequencialmente dispostas em capítulos, um que leva o mesmo nome do manifesto criado por Oswald de Andrade, Manifesto Antropofágico, e outro que conduz a uma ruptura com o anterior, denominado Vanguarda Gastronômica Autofágica: O Corpo Consumindo o Corpo.

Em Comida é Para Comer, é abordada a forma como o chef interpreta seu trabalho e como sua conceituação de food art pode alcançar a finalidade de interceder nas relações das pessoas com os alimentos.

Como desfecho é apresentado o cardápio “Traço e Forma” digerido através do consumo da cidade de Brasília e sua estética modernista, descrevendo os pratos e seus ingredientes que auxilia a embasar os pensamentos da Vanguarda Gastronômica Autofágica, desenvolvidos pelo chef.

Ruminem! Traduzido do parnasianismo bom apetite, copiado do francês bon apetit. E daí...?

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