Também neste trabalho abordo o entendimento de food art, fundamental para que se possa caracterizar a proposta da construção de uma experiência artística com alimentos. Com este entendimento firmo minha posição em que para que a comida seja assim considerada a mesma deve alcançar seu papel fundamental como alimento, pode até parecer uma conclusão lógica mas nem sempre é vista assim.
Introdução
A compreensão do trabalho desenvolvido no menu
“Traço e Forma” permite associar de forma multidisciplinar a Arquitetura,
Gastronomia e Arte em prol do entendimento da construção de cardápios como
peças relacionadas a food art.
Assim além mesmo do domínio do alimento como comida, princípio básico para
alcançar o status almejado de compor uma peça de food art, a mesma servirá como elemento unificador, a “farinha”, que
possibilita através de seu consumo digerir junto nossa cultura nossa arte,
nossa arquitetura, nossa poesia, NÓS.
Esta visão de alimento, aliado à disposição da
prerrogativa do centenário da Semana de Arte Moderna de 22 e sua influência na
construção de Brasília, se converteu em incentivo impulsionador ao
desenvolvimento do estudo do cardápio, que utilizou a arquitetura brasiliense
como piloti para que a criação artística fosse fundamentada através
de revisão bibliográfica de livros e artigos, como também na busca de auxilio
em sites, com o objetivo de fundamentar e embasar teoricamente o artigo.
O
cardápio propriamente dito e a maneira como era apresentado foi disposto
através das palavras do próprio autor, também autor das outras formas
artísticas aqui apresentadas, pinturas, esboços e poesia, resultando em corpo testemunhal às relações
políticas, culturais e sociais do território chamado carinhosamente de quadradinho.
Por este motivo uma síntese do Movimento Modernista Brasileiro e suas
principais características, ligadas à teoria do trabalho são abordados de forma
básica e explicativa no capítulo de mesmo nome.
Além da associação com a estética da Arquitetura
modernista, o artigo rói as bordas, também de forma explicativa, o Manifesto
Antropofágico Brasileiro de 1928, usando de suas bases para o entendimento de
um posicionamento autofágico da cidade exteriorizada no menu e, por meio dele, é
possível se livrar do que intoxica a urbe criada através da compreensão de como
o sistema democrático pode funcionar melhor através da utilização da
arquitetura.
As características das duas posições,
antropofágica e autofágica, estão sequencialmente dispostas em capítulos, um
que leva o mesmo nome do manifesto criado por Oswald de Andrade, Manifesto
Antropofágico, e outro que conduz a uma ruptura com o anterior, denominado
Vanguarda Gastronômica Autofágica: O Corpo Consumindo o Corpo.
Em Comida é Para Comer, é abordada a forma
como o chef interpreta seu trabalho e
como sua conceituação de food art
pode alcançar a finalidade de interceder nas relações das pessoas com os
alimentos.
Como desfecho é apresentado o cardápio “Traço
e Forma” digerido através do consumo da cidade de Brasília e sua estética
modernista, descrevendo os pratos e seus ingredientes que auxilia a embasar os
pensamentos da Vanguarda Gastronômica Autofágica, desenvolvidos pelo chef.
Ruminem! Traduzido do parnasianismo bom apetite, copiado do francês bon apetit. E daí...?
Comentários